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EXTRA ACOUSTIC
Pra quem não sabe, fui vocalista da primeira formação do grupo humorístico-musical paulistano, 'Língua de Trapo', no começo dos anos 80.
Com o dissolvimento da banda, comecei alavancar meus projetos pessoais.
Entre esses, uma formação 'inusitada' de sonoridade acústica.Pelo menos, pouco difundida naquela época (1987).Violão, cello, contrabaixo e harpa.
O repertório inspirado na obra do grande maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
O conteúdo extra bossa nova, destacando-se toda a brejeirice brasileira dentro do magnifico universo musical do compositor.
Apesar das tentativas, foi só quando já morava no Japão que consegui concretizar o projeto.
Em 199O, cheguei por aqui.E, em 92, convidei um outro músico brasileiro, residente no arquipélago, Ricardo Sagioratto (Azeitona), para escrever os arranjos.Ele também, observou alguns aspectos práticos e sugeriu uma formação diferente.Dois violões, cello, contrabaixo, flauta e voz.Nascia, então, o 'Extra Acoustic'.
Após meses na procura dos integrantes ideais, marcamos o primeiro ensaio.
Foi desastroso.Mesmo com a grade e partituras pré-disponibilizadas, ninguém conseguiu executar a 'Suíte para Gabriela'.Saimos do estúdio com a sensação de derrota.A violoncelista japonesa nunca mais apareceu.Foi substituída por um músico que toca em orquestra e nunca teve contacto prático com nossa canção popular brasileira.A única referência era Villa Lobos, Camargo Guarnieri e Carlos Gomes.
Sem fraquejar, arrumamos um local de ensaio, em Yotsuya(bairro de Tokyo), na verdade uma galeria, onde nos reuníamos, regularmente, duas vezes por semana.E foi nesse mesmo lugar que debutamos o 'Extra Acoustic', em maio de 1994.
Um espetáculo de MPB inusitado, como o próprio repertório e formação.
A começar pela falta de instrumentos percussivos, marca registrada, prontamente, identificável de nossa música brasileira.
Além da apresentação que dispensava qualquer aparato elétrico, como microfones e iluminação.Acústico na acepção do termo.
Foram dois dias de show, para uma audiência atenta e curiosa.
Depois da estréia, o nome da banda correu ilha à 'boca miúda'.Vários produtores, pessoal de gravadoras, músicos e artistas lotavam nossos concertos.
Vivìamos de elogios, mas todos eram unânimes quanto à precocidade do acústico, naquela época.
Em setembro de 1995, aqui em Tokyo, o 'Extra Acoustic' fez a sua derradeira apresentação pública, com a mesma formação desde o início.
Infelizmente, muito de nosso material foi perdido.
Segue em áudio, uma das poucas gravações sobreviventes.

'Domingo no Parque' (Gilberto Gil)
execução: Extra Acoustic

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namaste