Saturday, August 29, 2009

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li no blog jazz+bossa+baratos outros, do amigo-virtual, érico cordeiro, linkado em blogs bacanas ao lado...

o érico é jazzófilo incorrigível e escritor irretocável...e, em sua última resenha, sobre o guitarrista estadunidense grant green, há no parágrafo final a seguinte citação...

...'“a primeira coisa que o ouvinte percebe na forma que grant green toca é o seu notável relaxamento...sentado no palco, de olhos fechados e pernas cruzadas, grant parece tão completamente concentrado em sua música que não se perturba com a conversa e os risos dos freqüentadores do bar”. (dan morgenstern/crítico de jazz).

por tudo que já assisti e ouvi, posso constatar que essa característica é própria de quase todos os músicos de jazz...esse despojamento transcendental quase meditativo durante seu ato criativo, consagrando por completo uma 'fuga' das rotinas musicais em seus solos e improvisos.

mas, será que essa liberdade só é privilégio dos jazzistas?...nenhum outro estilo pode usufruir dessa autonomia criativa?

sempre me intrigou, principalmente, a padronização do tempo de duração da canção popular...limitar em 4(quatro) minutos no máximo, sua execução...por que essa convenção?

não que eu seja purista a ponto de abominar os ponteiros do relógio que regem as atividades da vida humana...muito pelo contrário, exijo pontualidade nos encontros e serviços em geral...mesmo porque todos os dispositivos estão conectados com essa ordem mecânica...qualquer atraso tudo pode 'ir pros ares'...rs

mas, por que essa implicância com o tempo de duração da música?...será que de fato nossos ouvidos só suportam uma melodia popular dentro desses limites?

abraçsons pacíficos e atemporais

2 comments:

Salsa said...

O lance é comercial. Lembre-se que, antes, quando usava-se fitas, estas tinha em torno de trinta e seis minutos ou quarenta. As faixas longas (+ de 4 minutos), mesmo no jazz, só passaram a ser editadas nos anos 50 (creio que foi um tema tocado por Sims). Creio que findou por tornar-se padrão. Eu ainda prefiro discos que tenham esse tempo de duração total. A duração dos temas pops, realmente, é um mistério. Há, no entanto, algumas gravações ao vivo em que as faixas ultrapassam com folga o limite dos 4 minutos.

Érico Cordeiro said...

Mr. Pituco,
Obrigado pela referência. Acgo que todo músico, que toca muito mais por prazer e por amor que por necessidade financeira, tem essa viagem íntima, mesmo que esteja tocando para um estádio lotado.
Acho que esse transe criativo não é exclusividade do pessoal do jazz, embora a concentração que se exige nesse estilo, por causa da improvisação e retorno ao tema principal, que são constantes, os músicos de jazz talvez tenham uma necesssidade maior concentração (não sei, é só uma opinião pessoal).
O problema da duração da música popular é resquício da "ditadura" do rádio, que impunha essa limitação por causa do espaço comercial.
Hoje, com a disseminação de outras mídias, esse limite parece que tende a desaparecer (embora ache que o público de hoje é muito mais imediatista, tende a não se fixar por muito tempo em uma única coisa, o que atrapalha a concentração).
Anyway, músicas de bandas e artistas como Doors, Led Zeppelin, Pink Floyd, Bob Dylan e dezenas de outros e outras (no Brasil, Caetano - vide O Estrangeiro, Ele Me Deu Um Beijo na Boca, It's A Long Way - Legião, Engenheiros, Zé Ramalho, etc., emplacaram vvários sucessos furando esse esquema dos 3-4 minutos.
O importante é que a música seja boa - em sendo, pode durar 20 minutos (o concerto de Aranjuez do Jim Hall) que tá tudo bem.
Abração, meu embaixador!!!